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quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Sem Ana ,

Ainda pior do que aceitar que Ana tinha me deixado, era saber que eu nunca mais a viria. - Não que estivesse decretado, mais eu sabia ; que toda essa dor iria diminuir se eu não me encontrasse mais com Ana, não sentisse o seu cheiro, nem presenciasse aquele sorriso que "era" meu.
Ainda ontem conversamos, ela me contou sobre os seus problemas e eu me senti dentro deles, escutava, discordava, me lam...entava, por não estar lá com minhas manias de cuidado e afeto : Posso te abraçar ? E os olhos dela brilhavam, vindo em direção a mim.
Quando Ana se acalmou, ela quis saber como estava me sentindo, e eu quis gritar: Não está vendo? Estou precisando de você, sinto tanto a sua falta, que me dá um nó no peito todas ás vezes que escuto essa sua voz despreocupada e magoada, dói, machuca, acho que tudo o que me resta é uma alma vazia, e se eu me entrego aquela vodka é porque não consigo me conter a aquelas lágrimas, elas me agridem tirando todo o meu natural, e afirmando que não consigo mais viver-sobreviver sem você, ô Ana!
Volta! As minhas palavras não tem mais nenhum sentido e tudo o que ainda tenho é seu. - Me calei, ainda que dissesse tudo que estava encravado no meu coração sofrido, Ana não voltaria, ela estava decidida. Precisava e um deslize meu para ir embora de vez, ela tinha pena de mim, sabia que se me largasse eu ficaria ai no mundo, perdido, sem aquela proteção que tanto admirava; parecia a tradução daquela música, a primeira que Ana tinha me dado.
Fechei os olhos para não chorar, engoli todo desespero. Afinal seria vergonhoso entregar toda a minha tristeza assim. Desligamos e mais uma vez nada tinha dito, pensava : Meu Deus, esperei tanto por ela, pela sua chegada, pelo nosso re-encontro. Tudo consistiu em mudar , eu já não chorava, nem me sentia só. Ela tinha completado os meus dias, e agora?!
Me conformava afinal não tinha me doado totalmente, eu tinha medo de dar tudo o que me restava, tinha medo, nada mais que isso. Mais olha o que o medo me tirou. - Tirou o melhor que eu tinha.
Estava perdido, na verdade não sabia o que fazer para trazer Ana de volta, ela tinha desistido de mim, não lembrava mais do meu perfume, e nem do quanto gostava da parte de trás do meu quadril, afirmava isso sempre quando deslizava suas mãos pelas minhas costas e se encontrava naquelas curvas.
Abri o chuveiro, abaixei a cabeça e o meu choro se misturava com a água gelada que batia no meu pescoço e desencadeava a mesma dor de cabeça que senti a dois dias atrás.
Sai de lá com um gosto amargo na boca, o gosto da derrota, do fracasso, eu não sabia lutar, não era digno de possuir a pessoa mais incrível que apareceu no momento distraído que tive.
Mais uma chamada e Ana jogou tudo o que pensou durante todo esse tempo na minha cara, me pediu respostas, e eu burro não entendi que ela queria esclarecer toda minha perda. Sem se explicar disse que não me queria, que era pouco, nada de bastante ou suficiente, ela tinha me deixado com toda convicção que possuía naquela racionalidade imatura que tinha nas mãos.
Desesperado aceitei a ida de Ana, e mais uma terça-feira se concluía de remorsos. Deitei naquela cama coberta por um lençol rosado, virei de bruços e lembrei do quanto eu a amo, do quanto ela me fez feliz, de tudo que fez por mim. - Não relutei e vi tudo escurecer diante das minhas vistas, não me reconhecia, a abstinência do corpo daquela mulher me incomodava.
Tentei por vezes acabar com aquela imagem deprimente que via no espelho, gritei, solucei, me feri, queria me machucar de verdade, temi e vi que a dor do espirito é pior do que todas as feridas físicas.
Se dependesse de mim tocava fogo em toda essa matéria idiota, é idiota, como dizia Ana, que não me serve mais. Queria arrancar esse aperto aqui de dentro, o aperto que a própria Ana me causou ; mais resolvi guarda-lo, é a única coisa que permaneceu em mim, a única coisa que me traz lembranças do tempo que tive com aquela mulher impulsiva e diferente. Espero que Ana retorne, avisei que estaria parado, sentado em qualquer canto que me viesse em pensamento, e algumas renúncias de esperanças. - Mais a minha única certeza , é que Ana me deixou .. com todo amor que tenho.

[ Texto inspirado em um dos melhores contos do meu Mestre Caio Fernando Abreu, senti igualmente a ele .. como é perder uma Ana ] Nanda Oliveira

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