um pouco mais do que quero ser :)

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Eu gosto das suas mãos, tão pequenas, e quentes. Sei que a mão de todos tem essa temperatura, mais é quente de outra forma. Acolhedora, protetora. – Dedos pequenos e desenhados como se fosse a lápis, como se cada poro reluzisse, me mostrando a transparência da sua alma. Os olhos apertados, cor de amora, e que de vez em quando chove. Inundando o brilho opaco rotineiro, e refletindo luz em cada pingo que insiste escorrer pelo rosto. Não gosto quando choras, é como se dentro da sua íris brotasse medo, e medo nunca foi bom. A pele é macia como ursinho de pelúcia. E a boca, é hipnotizante, como se houvesse ímã, e corresse pelo meu corpo. Anda como se o mundo pudesse lhe esperar, e outras vezes, como se fugisse dele. Um cabelo diferente, incomum, inquieto. Fala como se todas as notas de canções de ninar pudessem ecoar com o subconsciente dos seus ouvintes, é incrível. Os seus seios complexos, bonitos, arrepiados. Dona de um tronco todo riscado a mão, e cheios de mistérios. – Me sinto feliz no seu ombro, colo. Os seus suspiros invadem o meu tímpano, como se causasse um efeito ensurdecedor e viciante, mágico. Desloca todos os meus pensamentos, para bem longe dos que habitam na terra. Dona de um coração enorme, e que bate forte quando se encontra no meu abraço. São tantos detalhes, que me sinto incapaz de lhe definir por inteira. Perfeita. A mulher dos sonhos - Nanda Oliveira

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Engolir a seco, talvez seja isso. Deixar de criar um pouco, parar nesses becos de escuridão que a minha alma persiste andar.
Tenho pensado muito nas minhas palavras perdidas, nos meus choros presos, na minha solidão. Tenho pensado em você, naquelas músicas, nos nossos olhares, e principalmente nas suas mãos quentes. Apalmavam meus cabelos com certa sintonia, certa leveza, com certos desdéns. Só com certos em minha mente, e todo o errado na sua. Eu não percebia que você implorava, insistia, esperava. Achava que me acalentava por brincadeiras, nada sério. E agora me bati em algumas lágrimas, em algumas surpresas. Você tão longe, eu tão perto, mais perto do nada, longe do seu tudo. Sentada nesse quarto, sentindo o cheiro do velho, do antigo, e suspirando esses timbres de canções que soam no balançar dos meus timpanos. E com todas as forças, vou digerindo, tentando ao máximo engolir a seco a sua ida.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Carpe diem (:

Ainda lembro do tempo que você não ia estudar e eu saia do trabalho. - Nus encontrávamos naquele barzinho, muito movimentado por pessoas desconhecidas, e algumas vezes conhecidas, mais discretas. Você sentava do meu lado, e largava os meus defeitos, seguidos de alguns afagos, mexia no meu cabelo e pedia desculpas. Não conversamos nunca pelo telefone, só através dos olhos. E você encostava a cadeira pra perto, e juntava suas pernas com as minhas ; ainda assim seu perfume era abstrato, até hoje não consigo distinguir. Cheia de colares, de amores antigos até, eu admirava. Pés pequenos, mãos pequenas, pele clara. Tudo o que lembro. Na verdade guardo uma boa nostalgia daqueles minutos, era legal comer em fast foods acompanhado de uma hippe , e observar as luzes como forma de contentamento, um jeito confortável de sorrir mostrando pra'queles desconhecidos, que mesmo não te possuindo por completa todos os dias, eu ainda tinha chances pequenas, quase que invisíveis de segurar sua mão por alguns segundos. Nanda Oliveira
Como dizia a canção: Um dia nossas vidas se encontram. - Assim espero, é o que anda cercando a minha mente todos os dias. Incrível, porque não costumava acreditar em histórias de amor, histórias prontas. Como essas que enfeitam filmes e livros ; mais um dia sem esperar me deparei com uma das histórias, paixão, pacto, , ou como queira chamar. Ela me possuía, digo possui minha alma, tomou conta de todos os meus passos, e principalmente.. as entranhas do meu coração. Os nossos sorrisos, cheiros, abraços, até nossa respiração se encontrava na mais perfeita sintonia. Achava tão estranho, ser dependente de um outro alguém, de um outro corpo, de um outro tempo. Ela parecia muito comigo, e eu adorava aquele jeitinho invocado, que me fazia fechar os olhos e enxergar um mundo muito distante dali, era, digamos .. sobrenatural. Acho que de tão perfeito foi ficando transparente, era escuro, bem escuro, forte, entende ?Tão avassalador que foi clareando, regredindo, ficando transparente. - Mais não sumiu. Fixou no profundo, que não sei acordar sem imaginar um futuro sem aqueles fios curtos entrelaçando no meu rosto, como era natural nas nossas melhores noites, aquelas em que eu me tornava uma menina e tomava conta do seu ombro. Hoje tudo o que tenho é uma vontade de controlar o tempo, adiantar quem sabe, ou até voltar. Fazer tudo diferente, te colocar numa casinha laranja e te falar todas as tardes que você mudou a minha vida, e que eu entregaria tudo, as minhas flores, minha luz, alguns contos, para te ver todos os dias passando pela minha janela, e no rádio tocar aquela canção que dizia .. um dia nossas vidas se encontram. Nanda Oliveira

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Quando cheguei em Londres, ainda tinha dezoito. Cabelos compridos, e uma cara cansada [..] Estava nas vésperas do meu aniversário e toda minha expectativa se focava em conhecer a cidade. – Soltei do ônibus e caminhei em direção à uma praça pouco movimentada, com alguns pombos, alguns enfeites de natal, e turistas com seus flashes pré-históricos.
Minhas malas já estavam no albergue e tudo que me acompanhava era uma bolsa com cigarro e dinheiro. Sentei na calçada e vi minha tarde passar com aquele sol meio frio, trazendo uma nostalgia do meu lugar, dos meus.
Pra ser sincera foi o que escolhi pra mim; queria respirar um pouco longe daquela pressão, e de toda aquela rotina que inalava sem paciência. Afinal, era mais que independente e precisava cruzar o mundo.
Espalhar um pouco das minhas palavras pelas paredes, fontes e avenidas de lugares desconhecidos. E cá pra nós: Londres não estava nos meus planos, sonhava com Paris como toda mulher apaixonada e vaidosa. Pra inicio de viagem, queria mesmo é freqüentar a boemia, algumas baladas toillet, e o frio.
Nos meus fones tocava novos baianos e meus olhos brilhavam liberdade, um pouco de aventura, saudade também; de algumas borboletas amarelas e cachaça.
Mais que distração, preciso esquecer essa falta de casa e curtir isso tudo. – Pensei.
Levantando da escadaria que tinha algumas estátuas, não lembro totalmente mais me deu um pouco de medo. Prendi o cabelo, acendi um cigarro e andei me equilibrando nas bordas de uma fonte, quando ouvi alguém gritar: Que garota maluca! Em um idioma estranho.
Não dei a mínima pro gringo careta e voltei pro albergue [..]
No meu quarto dormia três mulheres comigo, é mulheres. Lá era espaçoso, tinha dois beliches e as paredes pintadas de lilás, que lembra lavanda, e lavanda tranqüiliza.
Estava desacompanhada e precisava de pessoas; fazia tanto tempo que conservava repulsa a “gente”. Olhe agora, é o que eu mais preciso, depois de algumas horas solitárias perdida entre árvores, azulejos, e fotografias.

[ Término do conto, em breve . ] (:

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

E diante dos aplausos me retirei, como se não houvesse nenhum ser humano capaz de admirar todas aquelas encenações que tinha planejado e ensaiado há um bom tempo.
Abaixei minha cabeça, cruzei as pontas dos meus pés e abandonei o palco, como se nunca estivesse pisado ali. - Era sacrifício apagar os minutos em que estréiei aqueles movimentos complexos e curvados que só imaginava e não moldava ao meu corpo.
A luz refletida, olhos brilhando em minha direção e um chão alto de madeira só pra mim. Poderia rodopiar à vontade, era arte, e arte é o encontro do externo com a alma.
Eles esperavam surpresas, esperavam que eu me contorcesse até a minha coluna se encontrar com as entradas do meu tornozelo, e sem dor abrir um sorriso, mostrando o quanto era fáçil ser flexivél e atriz.
Só que muitos não sabiam, que não vinha do coração, era obrigação, teatro. Era o espetáculo da vez, o da roupa colorida e brilhante ; que iria guardar e relembrar todas ás vezes que me sentasse em frente ao espelho e pintasse as minhas pálpebras de laranja, talvez seria a peça chave, porque ultimamente minha face era de um tom nude, apagado, normal, e só um nariz de palhaço para alegrar o que chamava de depressão.
Por longos dias me encontrei vestida com aquela fantasia que eu mesma havia criado, e lembro até hoje como a fiz. Numa tarde de inverno , catei todos os retalhos que havia sobrado de " Sonho de uma noite de verão ", " Minhas lágrimas secam sozinhas ", " O lago dos cisnes " , e outras cenas perdidas dentro do closet. [...]
Liguei a máquina de costurar e fui emendando os tecidos até formar um corselete que prendia dos meus seios até o meu quadril. Completei com babados de filó para dar um ar de bailarina moderna e rasguei a meia-calça preta que usaria no halloween ; pra completar calçei as minhas sapatilhas douradas e prendi o coque com uma redinha.
A visão que tinha era de uma boneca de pano, esquecida num canto do quarto. Trazia muitas estórias com suas cores, mais quando a melodia fina se chocava com sua dança, tudo se transformava.
As lágrimas escorriam, molhando qualquer concepção de que preto é luto. - Pode até ser, mais arco-íris não significa nada. E assim as palmas vingaram .. Mais meu deus! Pensei : Eles não entedem.
Nanda Oliveira