um pouco mais do que quero ser :)

sábado, 29 de outubro de 2011

empre imaginei que todos temos uma saída, um sentido para ignorar essas tristezas que insistem em nus perturbar quando achamos que tudo está indo bem, que estamos completamente felizes. E a minha forma de gritar é escrevendo. - Na verdade eu cansei de estar traduzindo todos os meus dias, meus momentos, angústias, minhas expectativas, tudo que veio me predominando há dois meses; a minha intuição não mente pra mim, ela pode adiar, mais mentir, ela não mente. E eu sabia que antes de construir, eu tinha que destruir, tinha que apagar, e que não podia de jeito ou maneira acreditar nisso. Mais com toda burrice do mundo, resolvi conhecer uma coisa que não sabia o que era, que pra mim era algo desconhecido, oculto, abstrato. Um negócio que dilacera, que confundi, desequilibra, te detona, enfim.. O amor ele é idiota, fraco, ele suga, e eu não sabia de todos esses malefícios até conhecer aquele moço. O moço que transformou todos os meus segundos em longas horas, em instantes que pareciam eternos. Desde o dia em que chegou naquela rodoviária, atrasado, com aquele ar de surpresa, e um sorriso surpreendente, eu me encantei. Eu apostei tudo que tinha, eu me entreguei a isso que chamam de paixão. Minha vontade era de segura-lo e não deixar ficar longe, de subir na mesa e anunciar o quanto eu estava feliz por ter encontrado o homem da minha vida, e que ele estava ali, do meu lado, que ele tinha largado tudo pra ver alguém que ainda não conhecia, que ele tinha abandonado todos os vínculos antigos para começar o novo comigo, que ele era lindo, mais do que imaginava, e que mais que tudo era o meu mistério, e eu o pertencia. Olhava o seu andar com espanto, era a primeira vez que a via de corpo inteiro, muito mais do que palavras e palavras que trocávamos durante o pré-encontro. Tinha todas as certezas, que Deus tinha posto a razão de toda a minha existência na minha frente, e eu tinha que demonstrar tudo de bom que sabia fazer, era a minha única chance; E foi o que fiz, dei o melhor que tinha, disse o que pensava, e me doei, da minha forma, mais tinha me doado. Descobrimos que estávamos dependentes, que não havia mais jeito, que era irracional aos nossos olhos, e ninguém poderia interferi. Era amor, nada mais que isso. Aquele amor gostoso, saudável, cuidadoso, aquele que faz arrepiar, e abrir mão de algo que nunca fiz, abrir mão da minha liberdade, de toda respiração. Eu aprendi a chorar, a falar baixo, conheci lugares lindos, escrevi os meus melhores contos, aprendi a ouvir, a apreciar frases perdidas que não fazia questão de ler, menosprezei pessoas, quebrei garrafas, andei sem rumo, rasguei minhas roupas, gemi desesperadamente, menti pra mim mesma, enfrentei o que mais temia, confiei, sorrir, um dos meus sorrisos, os mais bonitos, aqueles que temos quando sabemos que faz sentido, que dá cócegas em todo o corpo, e as mãos suam. Eu vi tudo de outro ângulo, eu fui feliz. Só que chega uma hora que todas aquelas alegrias violentas que me possuíam, tinha que ser trocadas por tristezas mais que violentas, tristezas que arregaçam,que consome, que se apossa da sua alma, como grandes sanguessugas, e você sabe que tem outras saídas, mais não opta. Porque já está confuso, porque já não é o mesmo. Porque não tem mais nenhuma orientação, e sabe que aquela razão de existência, que Deus tinha colocado na sua vida, está indo embora; e você não pode segurar prender, interromper. O máximo é deixar ir, sem medo, sem desespero, sem coração partido, nem arrependimentos. Com a cabeça erguida, e um pensamento: Mesmo que doa, vai passar. E foi assim que desliguei aquele telefone, olhei para os lados, e não tinha ninguém. Era a minha oportunidade, de me jogar no chão, colando a minha face, naqueles grãos de areia acumulados na varanda daquela casa, e chorar. Nada mais, só choro, pingos de água que saem dos nossos olhos quando o que está abafado aqui dentro quer sumir, e sabe que mesmo apertando os seus órgãos, pausando a sua mente, não acalma, não diminui. Só aumenta, aperta, ignora toda a sua força de estar bem, de ficar bem. E você repara que por mais que tentem isolar, esquecer alguns detalhes, eles aparecem. Ficam como balõezinhos acima da sua cabeça, lhe indicando que está presente, que foi uma escolha sua, e só são conseqüências, horríveis conseqüências. Levantei, passei a mão no rosto, e dei um suspiro de derrota, sabia que naquela hora eu estava em pé, mais quando chegasse em casa, nenhum ombro seria suficiente para agüentar aquele abandono. Ele me deixou, ele tinha me deixado, sabia que era definitivo, que era pra “sempre”, sem mágoas, só com medo, um medo maluco, desnecessário, o medo de me ter, de cuidar de mim. Era o que mais precisava, dos seus cuidados, da proteção que tanto falava quando tocávamos nesse assunto de dependência. Assumia sem vergonha que era uma das pessoas que me fazia um bem enorme, que eu precisava que me ensinou amar. E quando essas interrogações vinham a minha cabeça, as lágrimas pareciam que pulavam como gotas de chuva no meio de um inverno sem garoa. Eu podia ligar e implorar para que ficasse, eu podia calçar minhas sandálias, e ir em direção ao que me lembrasse dele, mais não fui. Porque quando agente quer, agente fica, agente agarra, aperta, tranqüiliza. Depois de algumas horas com a cabeça baixa, jogada naquele sofá, eu decidi que ia me desligar de qualquer coisa no mundo que me trouxesse aquele menino, me desligar de tudo mesmo. Desde os apelidos que costumava me chamar, até a nostalgia daquele corpo encima do meu, todo o afeto que estava me rodeando, seria decapitado quando eu entrasse naquele quarto. Quarto esse que presenciou muitas conversas, muitas juras, promessas, muitos beijos, muitos pontos. Só que me surpreendi, quando ultrapassei aquela porta coberta de estrelinhas cor-de-rosa, eu via uma menina jogada na cama com uma caneta na mão e o celular no ouvido, rindo, sonhando acordada com aquela voz do outro lado da linha, que afirmava coisas sensacionais, que se refletiam no brilho daqueles olhinhos castanhos e sofridos. Foi quando me virei, e visualizei aquela escada que não tinha um fim completo, como um túnel sem luz no final sabe? Ela me chamava, suplicava, parecia que só eu sabia o que dava naqueles degraus escuros e trocados vistos por mim. Mais não faria isso, seria um pecado, seria fraqueza, falta de coragem. Cadê aquela mulher autoritária que havia aqui dentro? Eu não encontrava, tentei por vezes me olhar no espelho e tentar enxergar alguém contente, aquela que acorda todas as manhãs pedindo que o dia seja doce, e analisando o quanto as coxas deram uma engrossada. Eu não tinha mais ânimo, literalmente eu não tinha mais nada. Estava um caco, estava oca, vazia, destruída. E nada podia mudar a minha situação; corri pelas ruas tentando encontrar alguém que me escutasse, que me entendesse, alguém que me dissesse o que eu tinha que fazer e me desse um remédio pra toda dor que começava dos dedinhos até o fio dos meus cabelos pretos. Eu queria um alguém desconhecido, disposto, real. Mais não tinha, e era o que acabava com todas as minhas esperanças. Voltei para o meu canto, sem pronunciar nada além de soluços decorrentes do abafamento que fechava toda a minha razão. Adentrei àquele quarto, e me recostei naquela mesinha que colocava todos os meus ursinhos de pelúcias, abracei vários e peguei no sono. Nanda Oliveira

Nenhum comentário:

Postar um comentário